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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Bairro do Recife ou Recife Antigo

Enfim, chegou o dia em que estou trazendo o primeiro bairro visitado para a continuação de meu objetivo. Só lembrando, que farei visita a todos os bairros de Recife com minha bicicleta, registrando e coletando informações sobre as mudanças e atualidade dos lugares.

Pedalando por essas ruas seculares, na maioria em paralelepípedos e trilhos de bondes expostos, podemos admirar a beleza de cada obra, dos edifícios, os sobrados, um conjunto que forma uma grande memória do passada, ainda vivo, porém ainda parece ser esquecido por muitos. O tempo parece passar mais devagar, nos faz lembrar dos momentos aqui vividos, das lutas, dos trabalhos... E hoje, como ainda poder manter essa memória viva em cada um que ali passe? Como adequar as construções, seja ruas ou edifícios, as demandas de nossa atualidade? De que forma encaixar por entre as ruas estreitas a frenética força do Porto Digital, sem agredir nosso patrimônio? O aparente contraste confere ao bairro do Recife, por muitos conhecido como o Recife Antigo, mais um ingrediente à sua singular existência, que já testemunhou o início do comércio português, a ocupação e a rendição dos invasores holandeses e o desembarque no seu porto de personagens ilustres como Charles Darwim, Santos Dumont, Dom Pedro II e sua esposa, a Imperatriz Teresa Cristina, entre tantos outros.

 Rua do Bom Jesus 1880                                         Foto: Anderson Melo dez.2014


Rua do Bom Jesus, que já foi conhecida como rua dos Judeus. Nessa foto antiga, podemos observar mais próximos, escravos negros com barris, e outros mais adiante carregando sacos, que podia ser açúcar ou algodão, seguindo na direção de Olinda, também existe uma fonte (chafariz) no meio da rua, atualmente não existe mais. Nas laterais da imagem temos os sobrados variando com até 3 pavimentos, estes, são registros da arquitetura erguida durante oPeríodo Holandês em Pernambuco, considerada a primeira espécie de estruturavertical do país . Onde no térreo funcionava o comércio e armazém de mercadorias, além de abrigar os escravos e animais, e nos pavimentos superiores, tínhamos a moradia dos senhores e suas famílias. Ao fundo de ambas imagens podemos ver a Torre Malakoff com presença marcante e imponente na paisagem, porém na foto de 2014, percebemos que temos a vegetação que tanto bloqueia a vista da torre como dos sobrados.
No séc. XIX foi construída a Torre Malakoff, símbolo marcante do Recife Antigo. Um decreto de 1834 deu início as obras do Arsenal da Marinha. Mas o primeiro documento que o edifício foi mencionado datava 1855. Possui um gradil de ferro e uma cúpula de metal que encontram-se muito bem conservados. A princípio seu propósito era ajudar na defesa militar, instalando um observatório astronômico. Segundo relatos seu nome advém na época da Guerra da Criméia(1853-1855), na atual Ucrânia, a população de Recife encantada com a força e resistência dos militantes da Torre Malakoff original, adotaram assim o mesmo nome para a torre da capital pernambucana. O edifício é tombado* como monumento histórico pela Fundape em 1992, a Torre, que durante décadas orientava as navegações que saíam e chegavam ao Porto do Recife, hoje é um espaço cultural. No programa encontramos, anfiteatro e salas de exposição, palestras, oficinas e sala multimídia entre outros e também é utilizada para abrigar e promover exposições, festivais, oficinas, cursos de formação no campo da produção cultural e as mais diversas iniciativas na área da cultura. A Torre Malakoff, está aberta todos os dias para visitação do público em geral, eu particularmente não entrei pois a cúpula está interditada para reforma.

                                      Malakoff 1880, Foto Moritz Lamberg                   Foto: Anderson Melo Dez.2014                                                                    

Localizada na Praça do Arsenal da Marinha, hoje, a Malakoff funciona como espaço cultural, destinado a apresentações musicais e exposições temporárias. Tombada como monumento histórico pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em 1992. A maioria das pessoas vão para ter acesso ao equipamento do observatório.
O bairro do Recife tem primazia em diversos aspectos. Tem como grande marco a construção da primeira ponte do Brasil, construída a mando de Maurício de Nassau, ligando o bairro portuário ao bairro de Santo Antônio, por conta da grande densidade demográfica da região e se fez necessário buscar a expansão. Os Judeus ganharam o primeiro templo oficial das Américas, erguido em 1636. A Sinagoga Kahal Zur Israel, uma das edificações mais importantes da região, foi inaugurada durante o governo holandês e fechada com a volta dos portugueses ao poder, ficou durante muito tempo escondida sob escombros na rua do Bom Jesus. Atualmente, restaurada, abriga exposições e conta uma parte importante da história da comunidade hebraica em Pernambuco.

                            Foto: Anderson Melo dez.2014 
 Ponte Maurício de Nassau                                     Foto: Anderson Melo dez.2014
DESCRIÇÕES
tem 180 metros de comprimento por 16 de largura, com um aumento de 4 metros sobre a largura da ponte antiga;
é dividida em 7 vãos, em arco de parábola, sendo 5 de 30m e 40 cm e 2 de 13 e 80 cada um;
repousa sobre as fundações da antiga ponte, reforçadas por 109 estacas de cimento armado;
cada pegão tem resistência calculada para suportar uma carga de 720 toneladas;
os passeios têm 2 metros e meio de largura e a parte central, a rodagem, com 11 metros, dando passagem às duas linhas da Tramways e a duas viaturas em ambas as direções;
o calçamento dos passeios é em cimento e o da "rodagem" em paralelepípedos;
margeiam a ponte, de um e outro lado, guarda - corpos de cimento armado, alternados na parte correspondente aos pegões, por varandins gradeados de ferro.


Sua última reconstrução por volta de 1917, feita pelo engenheiro Emilio Baumgart, um dos pioneiros de concreto armado daquele período. Em 1924, surgiu o nome de Companhia Construtora Nacional, funcionando até 1974.
Sob a ponte, no respectivo estrado, passam as canalizações de gás, água e saneamento.


O bairro do Recife sempre foi visto como uma área bastante comercial, mas c
om os investimentos federais e todas as atenções voltadas ao Porto de Suape, o Porto do Recife foi aos poucos sendo esquecido, e as regiões do centro foram sendo um pouco escanteados tornando-se cada vez mais obsoletas.Após um período de abandono, dos anos 1990 para cá o Recife Antigo vem sofrendo grandes mudanças tanto positivas como negativas. A ideia é devolver ao bairro seus espaços de convivência, tanto para o turista, como para a população local. 

Segundo a prefeitura do Recife, a partir de 1993 é deflagrado um projeto de impacto que concentra as ações na Rua do Bom Jesus e ao seu entorno, espaço mais antigo da cidade, cujo traçado remonta ao Século XVII. O Projeto Cores da Cidade, em parceria com as Tintas Ypiranga e a Fundação Roberto Marinho, promove a recuperação e as pinturas das fachadas, introduzindo um cromatismo que destaca e explicita a riqueza de composições das fachadas ecléticas. Paralelamente, um "mix" de uso estabelecidos para as quatro ruas que compõem o Polo Bom Jesus, privilegiando a gastronomia e o lazer. As estratégias de ação concentram-se então, na criação de incentivos fiscais, na elaboração e aprovação de Plano Específico de Revitalização, em consonância com a Lei Orgânica do Município, com o Plano Diretor da Cidade e, principalmente, com a definição de um modelo de gestão que proporcione um desenvolvimento local com bases sustentáveis. 

Um dos edifícios que estão no processo de restauração é o Chanteclair, que fica logo na entrada do bairro, para que vem pela ponte Mauricio de Nassau.


Chanteclair 1920                                                    Foto: Anderson Melo dez.2014

A Prefeitura, através da Lei nº 16.290/97 ( Plano Específico de Revitalização da Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural 09 - Sítio Histórico do Bairro do Recife) , define para o Bairro do Recife, três setores em função de características espaciais, compreendendo o Setor de Intervenção Controlada, o Setor de Consolidação Urbana e o Setor de Renovação. Foram ainda definidos cinco polos de interesse, unidades de caráter temporário, que possibilitarão planos estratégicos e específicos, são eles: Polo Bom Jesus, Polo Alfândega, Polo Pilar, Polo Arrecifes e Polo Fluvial. Foi criado o Fundo de Revitalização do Bairro do Recife para prover de recursos orçamentários às diversas ações a serem implantadas. Hoje o processo de revitalização do Bairro do Recife, conta com o apoio da opinião pública e do empresariado que têm investido na área com novos empreendimentos.

Polo Bom Jesus                           Foto: Anderson Melo dez.2014
O processo de conservação da identidade do bairro, contempla vários projetos que buscam essa retomada pela vivência do lugar. No Programa Monumenta, que em Recife envolve grandes investimentos no setor de restauro em patrimônio histórico.

Igreja Madre de Deus                                  Foto: Anderson Melo
Tivemos a restauração da Igreja Madre de Deus, a readequação do Conjunto Chanteclair, a urbanização do Cais da Alfândega e a revitalização das ruas Madre de Deus e da Moeda e a Avenida Alfredo Lisboa. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o templo foi erguido em 1680, e tem características da segunda fase do Barroco. Nesta foto na rua Madre de Deus, podemos ver a Igreja e logo após avistamos o Shopping Paço Alfandega, antigamente era um convento oratoriano anexo a igreja.
Paço Alfandega Shopping e Igreja Madre de Deus      Foto: Anderson Melo


                                                                       
Aqui temos uma ampla vista da rua que foi criada uma rua para pedestres, com vista para o antigo cais da alfandega. O Shopping, é dito como ser de luxo, em meio a um lugar tão "esquecido" criaram este equipamento para atrair mais pessoas para um centro comercial, transformando a região e todo seu entorno.






                                                                               
Estátua Chico Science       Foto: Anderson Melo dez. 2014




De frente a saída de trás do Shopping Paço Alfandega, encontramos uma das ruas mais famosas do centro do Recife. A rua da Moeda. Bastante popular e abriga um enorm público de diferentes idades, por possuir vários bares de diferentes estilos, com apresentações músicais, prévias carnavalescas entre outras atividades. A estátua do "lendário" Chico Science, era um compositor e criador do movimento chamado Manguebeat, que surgiu na década de 90, misturando vários ritmos musicais regionais. Foi escolhido ficar a sua estátua nesta rua, por ser o polo relacionado ao movimento manguebeat.








Se formos ao Marco Zero do Recife, chegaremos a Av. Alfredo Lisboa, onde encontramos um conjunto de eficicações ecléticas, construídos na época que chamaram de "Embelezamento do Recife" alguns construídos por ingleses, tem vários usos, já foi Banco de Londres, Sede da Antiga Bolsa de Valores e Associação Comercial de Pernambuco, hoje todos são equipamentos de uso público, com incentivo a cultura. Alguns permanecem com suas características, alguns mudaram e outros simplesmente desapareceram, entrando novos equipamentos que mudaram a leitura e entendimento do conjunto como um todo. Tentarei mostrar como era e como está atualmente, alguns angulos não foram possíveis porque estão montando áreas, por conta das comemorações de fim de ano.

                                                      Praça do Marco Zero                      Foto Anderson Melo dez.2014                                                                                                                                                                                                                                                                     Observando nesta foto de 1930, comparando com agora, a primeiro plano observamos os quatro edifícios em amplo diálogo, de forma e gabarito. Em 2014, observamos na esquerda que uma das edificações foram abaixo, sendo construído um edifício que não se parece nenhum pouco com os demais, tanto em função como forma, ate mesmo os materiais usados e por trás surgiu um edifício que fere completamente a paisagem do Recife, no que se diz a Memória. A descaracterização do conjunto não fica apenas nessa região. 
 Col. Allen Morison                        Foto Anderson Melo dez.2014   
Não encontramos a formação original da praça, que tinha no seu centro a estátua do Barão do Rio Branco, ela foi retirada do centro, e foi relocado mais para a direita, ficando na frente do armazém do artesanato, no lugar da estátua ficou o medalhão do marco zero do recife.

                                                        Foto Anderson Melo dez.2014 

Seguindo a Av. Alfredo Lisboa, encontramos um grande quantidade de equipamentos que passaram por processos de renovação urbana, alguns reformados, outros totalmente construídos. Mas lembrando, todos fazendo parte do incentivo a cultura. Cinemas, teatros, polo de artesanato, apresentações etc.

Casario da Av. Alfredo Lisboa                              Foto:Anderson Melo dez.2014
Armazém do Artesanato de Pernambuco              Foto:Anderson Melo dez.2014
Museu a céu aberto de Recife                              Foto: Anderson Melo dez.2014
Museu Cais do Sertão                                            Foto: Anderson Melo dez.2014
Terminal Marítimo de Passageiros                    Foto: Anderson Melo dez. 2014


Atualmente no bairro existe o Projeto como o Recife Antigo de Coração, que fecha algumas ruas do bairro no último domingo de cada mês buscando aos poucos tornar a área um espaço de lazer, trazendo uma alternativa de diversão para a população da cidade. Mesmo sabendo que o bairro tenha uma histórica que nos lembra a ser um centro comercial, o projeto tenta torná-lo um grande parque nos finais de semana sendo talvez uma forma de ocupar a região de maneira agradável a todas as pessoas independente de sua idade. São montados diversos pólos de animação em algumas ruas, atraindo muito atenção de empresas que são ligadas ao ramo de gastronomia, bares, restaurantes, artesanato.
Recife Antigo de Coração
Recife Antigo de Coração

Diferente de tempos passados, a luta que atualmente o povo recifense trava hoje é pela conservação do seu patrimônio histórico, e sem dúvida, o surgimento da capital pernambucana tem papel fundamental nessa ação de resgate. Hoje, existe praticamente um consenso de que é preciso enxergar o futuro, sem no entanto, relegar o passado. Preservando a história, adentramos no século XXI com a identidade cultural fortalecida. A cidade passa por um grande movimento que ultrapassou barreiras que poucas pessoas imaginavam, a questão do Cais José Estelita, com o movimento #OCUPEESTELITA. Não precisamos apagar nossas memórias, e muito menos fazer com quer gerações futuras não saibam o que nós passamos agora, isso é crime. A história faz parte da vida, a humanidade precisa dela, para saber de onde vem, porque estamos aqui e pra onde vai. Como existe uma frase popular que diz: "Quem Vive de Passado é Museu...", será mesmo que apenas museu vive de passado???

E pra terminar vou deixar a imagem que me deixou chocado na visita... A quantidade de lixo que encontrei no rio, no Cais da Anfandega. Quando a maré está alta, não observamos isso, a maré secou, ao invés de termos o mague exposto com os animais circulando, olha o que encontrei. Lamentável!

Foto: Anderson Melo dez. 2014


Fui na rua pra brincar, procurar o que fazer
Fui na rua cheirar cola, arrumá o que comer
Fui na rua jogar bola ver os carro correr
Tomar banho de canal quando a maré encher

Quando a maré encher, quando a maré encher
Tomar banho de canal quando a maré encher

É pedra que apóia tábua e madeira que apóia telha 
Saco plástico, prego, papelão 
Amarra corda, cava buraco 

Barraco 
Moradia popular em propagação 

Cachorro, gato, galinha, bicho-de-pé 
E a população real convive em harmonia normal 
Faz parte do dia-a-dia 

Banheiro, cama, cozinha no chão |
Esperança, fé em Deus, ilusão 

Quando a maré encher, quando a maré encher
Tomar banho de canal quando a maré encher


Fui na rua pra brigar procurar o que fazer 
Fui na rua cheirar cola, arrumá o que comer

Fui na rua jogar bola ver os carro correr 
Tomar banho de canal quando a maré encher

Quando a maré encher, quando a maré encher 
Tomar banho de canal quando a maré encher


Quando a Maré Encher - Nação Zumbi




Fontes:

BRAGA, João. Trilhas do Recife: guia turístico, histórico e cultural.

ZANCHETI, Sílvio Mendes; LACERDA, Norma; MARINHO, Geraldo (Org.). Revitalização do bairro do Recife: plano, regulação e avaliação. Recife: UFPE, Editora Universitária, Mestrado em Desenvolvimento Urbano e Regional, Centro de Conservação Integrada Urbana e Territorial, 1998.


CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: Câmara Municipal do Recife, 1998

http://www.recifeantigodecoracao.com.br/

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar


http://www.recife.pe.gov.br/cidade/projetos/bairrodorecife/tx6.htm


http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=12742&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Em que Bairro começar?

     Como já foi explicado anteriormente as divisões políticas do Brasil e Recife, agora vou mostrar as divisões de cada região desta da cidade. E aproveitando elas, vou seguir a ordem imposta pela prefeitura do Recife, para poder fazer as visitas e coletar informações, que serão necessárias para sintetizar cada bairro visitado. Pensei em começar pela Região que moro, seria a 4, porém como Recife começou a surgir no porto, então ficaria melhor começando nessa ordem, vai demorar um pouco a chegar no meu bairro, ficarei ansioso até lá... mas foi melhor assim. Além dos estudos preliminares, tirarei conclusões a partir das visitas e comunicação direta com os moradores.

Segue a ordem padronizada pela Prefeitura do Recife :

Mapa da região metropolitana do Recife

RPA 1


A Região Político Administrativa I (RPA1) é composta pelos bairros: Recife; Santo Amaro; Boa Vista; Cabanga; Ilha do Leite; Paissandu; Santo Antônio; São José; Coelhos; Soledade; Ilha Joana Bezerra.

Mapa RPA 1


RPA 2

A Região Político Administrativa II (RPA2) é composta pelos bairros: Arruda; Campina do Barreto; Encruzilhada; Hipódromo; Peixinhos; Ponto de Parada; Rosarinho; Torreão; Água Fria; Alto Santa Terezinha; Bomba do Hemetério; Cajueiro; Fundão; Porto da Madeira; Beberibe; Dois Unidos; Linha do Tiro.

Mapa RPA 2

RPA 3

A Região Político Administrativa III (RPA3) é composta pelos bairros: Aflitos; Alto do Mandu; Alto José Bonifácio; Alto José do Pinho; Apipucos; Brejo da Guabiraba; Brejo de Beberibe; Casa Amarela; Casa Forte; Córrego do Jenipapo; Derby; Dois Irmãos; Espinheiro; Graças; Guabiraba; Jaqueira; Macaxeira; Monteiro; Nova Descoberta; Parnamirim; Passarinho; Pau-Ferro; Poço da Panela, Santana; Sítio dos Pintos; Tamarineira; Mangabeira; Morro da Conceição; Vasco da Gama.

Mapa RPA 3

RPA 4

A Região Político Administrativa IV (RPA4) é composta pelos bairros: Cordeiro; Ilha do Retiro; Iputinga; Madalena; Prado; Torre; Zumbi; Engenho do Meio; Torrões; Caxangá; Cidade Universitária; Várzea.

Mapa RPA 4

RPA 5

A Região Político Administrativa V (RPA5) é composta pelos bairros: Afogados; Areias; Barro; Bongi; Caçote; Coqueiral; Curado; Estância; Jardim São Paulo;  Jiquiá; Mangueria; Mustardinha; San Msrtin; Sancho; Tejipió; Totó.

Mapa RPA 5

RPA 6

A Região Político Administrativa VI (RPA6) é composta pelos bairros: Boa Viagem; Brasília Teimosa; Imbiribeira; Ipsep; Pina; Ibura; Jordão; Cohab.

Mapa RPA 6

Farei todo o trajeto dos bairros da cidade, a partir desta ordem colocada acima, buscando o máximo de informações possível, tanto com pessoas que conheço como moradores antigos e comerciantes. Tentarei conseguir fotos antigas, e tirar fotos atuais dos mesmos lugares, para perceber as reais mudanças. Isso não é nada fácil, mas vou fazer o possível!


Fontes dos Mapas:

http://www2.recife.pe.gov.br/a-cidade/perfil-dos-bairros/


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Professor David Harvey em Recife - Palestra 17/11/2014

Como de costume,  vim para a palestra de bike, esqueci de tirar a foto pois estava preocupado onde prender minha bicicleta na rua, já que não tem bicicletários... rsrsrs. Porém, ela veio comigo, ficou amarrada num poste, entre o Shopping Paço Alfandega e a Livraria Cultura, deixei lá no sol e caminhei para o Arcádia Paço Alfandega, uma quadra atrás. Então, vamos para o que interessa...

David Harvey é um importante geógrafo britânico nascido em 1935, com grande base marxista, que dedica sua vasta carreira a estudos sobre a compreensão da dinâmica do capital no nível global, enfatizando mais nas questões territoriais. Dando mais atenção as relações entre espaço e economia.
David Harvey junto ao Representante da UFPE e a Professora da Comissão Organizadora do Evento
          Ele é autor de grandes obras, utilizadas na bibliografia adotada no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, como em outros programas de pós-graduação da UFPE, Harvey pode ser considerado o teórico do urbano de maior expressividade mundial ainda vivo. Referência obrigatória para todos que pretendem dedicar-se aos estudos sobre a cidade, ele é professor por excelência de muitos daqueles que compõem o corpo docente e discente da UFPE. A vinda de Harvey ao Brasil agora no fim de 2014, alimenta ainda mais a ocasião, e torna-se especialmente oportuna para instigar a reflexão, que já vem adquirindo maior espaço na agenda política local, quanto à forma como são conduzidos os processos que afetam o desenvolvimento de nossas cidades. Vivemos atualmente o movimento #OcupeEstelita, que, inclusive ele visitou o local da ocupação e deu o maior apoio. O objetivo do movimento é o cancelamento do Projeto Novo Recife, que pretende construir 13 torres com mais de 40 andares em área de preservação histórica do centro-sul da cidade, e a reivindicação do debate democrático e transparente sobre o desenvolvimento urbano.
Cais José Estelita Hoje
Projeto Novo Recife
Esse assunto deve ser de interesse não apenas da comunidade acadêmica, mas de todos os cidadãos comprometidos com o destino do lugar em que vivem, aqueles que se preocupam com nosso futuro, e dos que ainda virão, para fazer parte deste cenário. Podemos nos perguntar: - Como quero ver minha cidade no futuro? - Quero ter as lembranças da minha vida hoje? - A novas gerações, como poderão entender seus antepassados? Diversas perguntas podem ser feitas, diante da real situação que vivemos em nossas cidades.

David Harvey na ocupação do Cais José Estelita, Recife-PE                                                                                          16/11/2014



     Na foto acima, observamos os manifestantes de mão dadas,Harvey de vermelho, junto aos demais na luta pelo espaço de todos. Ele tem escrito recentemente, sobre as mobilizações que surgiram desde 2011 em diversas cidades do mundo, em contestação à dominação que as grandes empresas capitalistas exercem sobre a produção do espaço, pautando-se na premissa da acumulação, com seus impactos sobre a qualidade de vida urbana. Adquirem grande repercussão suas discussões sobre os conflitos políticos que eclodem no meio urbano, com manifestações de um novo formato, semelhantes às que se verificam na cidade do Recife hoje, em especial as reunidas em torno do que veio a ser denominado “Ocupe Estelita”. Remetendo ao conceito de “direito à cidade”, formulado por Henri Lefebvre, Harvey alia à linguagem teórica, acadêmica, uma mensagem de apoio e estímulo a essas manifestações, demonstrando certo otimismo no poder que a junção de esforços coletivos pode desempenhar como contra hegemonia às ameaças impostas pela dominação capitalista.

Alguns Títulos do Professor, são os Livros:

# Rebel Cities: From the Right to the City to the Urban Revolution(2012), publicado este ano no Brasil pela editora Martins Fontes, sob o título “Cidades Rebeldes: Do direito à cidade à revolução urbana”.
# O enigma do capital e as crises do capitalismo (2011)
# Os limites do Capital (2013) Originalmente publicado em 1982
# Para entender o capital: Livro I (2013)

     A vinda de Harvey ao Brasil, com passagem programada pelas cidades de Brasília, Fortaleza, Curitiba e São Paulo, além do Recife, tem como tema : A economia política da urbanização: acumulação do capital e direito à cidade. Está relacionada ao lançamento de mais um livro dentro dessa temática: “Para entender O Capital: Livros II e III”. Certamente, um estímulo aos mais jovens ao estudo de obra tão complexa de um dos teóricos mais importantes de todos os tempo, Karl Marx.
Para Harvey, a dinâmica da urbanização desenfreada é própria do sistema econômico para evitar crises, e acaba decidindo arbitrariamente quem pode viver em determinado lugar e quem não pode.


Harvey afirma: “a questão sobre que cidades nós queremos não pode ser divorciada da questão sobre que tipo de laços sociais, relações com a natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos que nós desejamos”.



http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/11/david-harvey-participa-de-evento-ocupe-estelita/

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2014/11/17/david-harvey-faz-palestra-sobre-a-economia-politica-da-urbanizacao-156265.php

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Recife e Suas Divisões - RPAs

     Região pode ser qualquer área geográfica que forme uma unidade distinta em virtude de determinadas características, um recorte temático do espaço que podem ser delimitadas em diversas escalas de acordo com as necessidades do estudo. As divisões e a administração territorial difere, de fato, de país para país, região para região, ou mesmo território como alguns chamam, concretizando-se segundo políticas próprias e tendo em conta particularidades geográficas, étnicas, históricas, econômicas, sociais, entre outras. Por exemplo no Brasil temos a divisão em regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste,Sudeste e Sul.



Seguindo esta ordem, podem perceber a divisão do país, em estados, estes em cidades, e cidades em bairros, e assim sucessivamente.

Não muito diferente das demais cidades brasileiras, o Recife está dividido em seis Regiões Político-Administrativas as chamadas RPAs, que são: RPA 1 – Centro, 2- Norte,     3 – Noroeste, 4 – Oeste, 5 – Sudoeste e 6 – Sul. Cada RPA é subdividida em três Microrregiões que reúnem um ou mais dos seus 94 bairros – (Lei Municipal nº 16.293 de 22.01.1997).



     As RPAs foram definidas para formulação, execução e avaliação permanente das políticas e do planejamento governamentais. Essas regiões ainda são dividas em Microrregiões, que  visa à definição das intervenções municipais em nível local com mais articulação da prefeitura com a população. E os bairros foram estabelecidos pelo Decreto Municipal 14.452, de 26 de outubro de 1988, para subsidiar o levantamento de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Sistema de Informações e Planejamento do Recife. 





http://www2.recife.pe.gov.br/a-cidade/perfil-dos-bairros/

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Recife - Um Pouco de Sua História

Iniciando-se aproximadamente em 1534 em paralelo com as capitanias hereditárias, a cidade começou a ser utilizada como porto para carregar a produção local e escoar produtos da capitania. Seu nome surgiu devido ao grande número de arrecifes(uma formação rochosa próximo a costa) no litoral da região. Em 1630, os holandeses desembarcaram na Capitania de Pernambuco, em uma praia hoje conhecida como Pau Amarelo, vieram caminhando pelas margens do mar até Olinda e em seguida até a Ilha de Antonio Vaz, onde atualmente encontra-se os bairros de Santo Antônio e São José. Sete anos depois o conde Maurício de Nassau assumiu o governo e evoluiu a cidade. Planejou e traçou ruas, construiu fortificações, pontes, trouxe arquitetos, engenheiros e paisagistas da Europa a fim de melhorar a aparência da cidade. Pode-se observar a arquitetura desse povo pelas construções ainda presentes na cidade.  


Recife colônia, pelo pintor holandês Frans Post


Desenho de Frans Post, vista da ponte ligando Recife a cidade Maurícia


      Sobre as mudanças no Recife, até então um mero povoado, o historiador Robert C. Smith afirmou que Nassau construiu a “primeira cidade digna deste nome na América portuguesa”, enquanto “em todo o resto do Brasil foi preciso esperar o fim do século XVIII e a vinda da corte portuguesa para que se fizessem coisas deste gênero”. Olinda era a sede da Capitania de Pernambuco até então, mas foi incendiada pelos holandeses em 1631, devido a sua localização estratégica. Seguindo o pensamento holandês sobre fortificações, Olinda tinha um formato de difícil defesa, sendo assim transferida para Recife.


Cerco de Olinda 1630

    Em 1654, período em que os holandeses foram expulsos de Recife, a cidade já era um entreposto comercial então os senhores de engenho se mudaram para Olinda. Com a rivalidade das cidades que se iniciou quando Olinda era capital de Pernambuco e quando os holandeses preferiram Recife à capital, originou posteriormente a Guerra dos Mascates(1710-1711). É notório o crescimento do Recife na primeira metade do século XVIII. Em 1711, estimava-se cerca de 16 mil pessoas morando no Recife, já em 1745, a população se aproximava dos 25 mil habitantes. Não é por acaso esse crescimento. O porto mantinha sua importância e o comércio prosperava. Muitos dos portugueses vindos para o Brasil, estabeleceram-se nas terras recifenses, substituindo os holandeses no financiamento da produção do açúcar e no tráfico de escravos, a cidade já era um pólo comercial e cultural de toda a região Nordeste e logo se tornou um centro distribuidor. 

      Na segunda metade do século XVIII, descobriu-se um outro Capibaribe, aquele dos deliciosos banhos, banhos inclusive com "poderes medicinais". Assim, novas áreas de ocupação atraíram a população do Recife: as margens do Capibaribe que, com o seu parceiro, o Beberibe, tantos benefícios ofereciam e, atualmente, se apresentam tão maltratados. Não havia ainda o hábito de ir para as praias e tomar banho de mar. Nas praias, próximas aos sobrados, despejavam-se o lixo das casas e até mesmo animais e escravos mortos. O rio tinha grande poder de atração. Além dos banhos, por ele se faziam mudanças, se passeava de canoa ou de botes, aconteciam as românticas serenatas, costumes que se consolidam no século XIX. Segundo Gilberto Freyre: "Muita casa-grande de sítio, muito sobrado de azulejo, no Recife todo casario ilustre da Madalena - que hoje dá as costas para o rio - foi edificado com a frente para a água". O Recife ganhou outros contornos que se iam definindo, criando arrabaldes que se constituem em alternativas, para quem estava exausto dos burburinhos do urbano. Evaldo Cabral de Mello registra que "o aparecimento dos subúrbios ao longo do Capibaribe não se fez de maneira geograficamente contínua, mas ganglionar". Acrescenta ainda que "a dispersão com que surgem os subúrbios parece estar ligada à disposição dos proprietários dos antigos engenhos de se desfazerem de suas terras". O crescimento territorial do Recife tinha, então, uma relação direta com as dificuldades passadas pelos senhores de engenho, obrigados a alugar partes de suas terras. Além da fundação do arraial do Poço da Panela em 1758 e da construção da capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde, depois de 1772, surgiria também a povoação do Caxangá, juntamente com a Várzea, outro marco da expansão do Recife. Sítios e chácaras indicavam novas áreas para descanso e lazer, mudanças nos hábitos, distanciamento do porto.
                     
                                                                                                             Bairro do Recife, século XIX.FONTE: URB/ Recife

    A primeira metade do século XIX, no Nordeste, é a época da Insurreição Pernambucana (1817), da Confederação do Equador (1824) e da Insurreição Praieira (1848). Escutava-se pelas ruas palavras de ordem do Iluminismo, as chamadas “ideias francesas”, tais como República e Constituição. Louvava-se a liberdade que, tal como hoje em dia, tinha múltiplos significados. Mas, e as mulheres? E as alcovas? Será que aquelas ideias ficaram apenas no terreno da política? Embora não tenha havido nenhuma revolução sexual paralela às chamadas “revoluções liberais”, muita coisa também mudaria nos costumes íntimos das cidades brasileiras e Recife não seria diferente. A população livre na região central praticamente dobrou entre a Independência e 1850, principalmente devido à vinda de gente do interior imediato, área de engenhos decadentes, sendo esmagados pela cidade. Muitos desses novos habitantes eram mulheres livres e libertas. Em um longo período se tornaram a maioria na cidade e essa dinâmica da vida urbana atraía a população feminina, pois a cidade era percebida como o lugar da liberdade e do progresso. Lá havia mais oportunidades de trabalho e de vivências mais significativas do que na Zona da Mata submetida às duras regras não escritas do patriarcado rural.


Vista Aérea
    Recife foi impulsionado por grandes indústrias que se instalaram em seus pólos se tornando a maior atividade da cidade.  As dimensões que teve o modernismo nas artes, a agitação cultural do final do século XIX e o início do século XX, a encantadora Belle Époque, mostram a busca de novas linguagens para traduzir as rápidas mudanças trazidas por novas técnicas. Os tempos modernos ampliaram a diversidade, os projetos de dominação da natureza, as sutilezas que envolvem as relações de poder, as tramas sociais e políticas. No início do século XX, a figura de Saturnino de Brito surge com força, para a "higienização" da cidade, momento marcante para formação da atual estrutura urbana do Recife. As palavras de ordem eram: "urbanizar, civilizar e modernizar". No início dos anos 30, o desencontro entre o sonho e a realidade dividia a paisagem recifense. A cidade crescia, mas não tinha estrutura para acolher devidamente seus habitantes. Nas áreas ribeirinhas surgiam os chamados mocambos. Essa realidade contrastava com o Recife "dos sonhos", do mais bem equipado porto do país, da indústria em crescimento, dos cafés e restaurantes, dos teatros e cinemas luxuosos, das grandes mansões, de lugares aprazíveis como o bairro do Derby ou a praia de Boa Viagem. Os governos mudavam, mas modernizar continuava sendo uma das palavras de ordem. O capitalismo ampliava seus espaços de controle e a cidade era um deles.. O Recife recebia um expressivo contingente populacional vindo da zona rural, sonhando em melhorar de vida. É interessante assinalar que, em 1940, a população da cidade era de 348,4 mil pessoas, aumentando para 524,7 mil habitantes em 1950
    Capital do estado de Pernambuco, a cidade do Recife é muito famosa por suas igrejas, seus rios e pontes que marcam muito a paisagem, também pela bela praia de Boa Viagem. De clima tropical quente e úmido, a média da temperatura local está em 25,2º C.Atualmente sua população de 1.430.905 de habitantes. O Recife está hoje entre as três maiores aglomerações urbanas da região nordeste e 5º maior metrópole do Brasil. Sua cultura é baseada na mistura da Europa, da cultura indígena e negra que trouxe um patrimônio rico e diversificado à cidade.Um marco de Recife é o carnaval da cidade marcado pelo Frevo e o Maracatu que invade as ruas da cidade com foliões fantasiados e com um típico desfile de carros antigos. Hoje, o Recife luta contra as desigualdades sociais, assim como grande parte das cidades brasileiras. O desenvolvimento econômico se deu a partir do setor terciário, em grande parte devido a exportação do açúcar. Atualmente, destacam-se as atividades comerciais e os serviços, que representam mais de 90% de todo o valor da riqueza gerada na cidade. Entre os principais estabelecimentos constam aeroporto internacional, universidade federal,shoppings, grandes supermercados, serviços médicos, de informática, engenharia, consultoria empresarial, atividades ligadas ao turismo, ensino e pesquisa. Recife tem o segundo maior pólo médico do país e também é uma das cidades mais visitadas no nordeste, por turistas de todo o mundo. 
Vista aérea de Recife



Referencias:
http://www.recife.pe.gov.br
http://basilio.fundaj.gov.br/
DEL PRIORE, Mary.História das mulheres no Brasil. São Paulo: UNESP/ Contexto, 1997

O Momento de Começar!

   Tenho como objetivo, passar um pouco de minha visão e conhecimento sobre a cidade de Recife, explicando em palavras simples desde o surgimento até os dias atuais.Sou natural da cidade de Olinda, mas moro em Recife, praticamente desde que nasci. Atualmente graduando do curso  Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Pernambuco, pretendo mostrar muito mais do que percebemos normalmente, mostrar o que os "olhos não veêm" facilmente. Como ciclista assíduo desde meus 16 anos, conheço muitos lugares dos quais muitas pessoas não conhecem ou mesmo nem imaginam existir. Entrarei também na história dos Bairros do Recife, e o principal desafio, será fazer tudo isso na minha Bicicleta.

Fonte: Própria