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terça-feira, 31 de março de 2015

Bairro de Santo Antonio, Recife - PE

Temos várias rotas que podemos fazer de bicicleta, para pode chegar ao nosso destino, que é o Bairro de Santo Antônio. Vou colocar três, porém um deles é muito parecido com o outro, é só um trecho mais seguro. Porque a avenida Caxangá, uma das principais avenidas da cidade, vem cortando vários bairros da zona oeste, alguns são: Iputinga, Cordeiro, Zumbi, Torre, Madalena etc... por conta disso, andar de bike nessa avenida é complicado e perigoso, onde tivemos recentemente a implantação do corredor dos chamados BRT's ( Bus Rapid Transit - Transporte Rápido por Ônibus), e as linhas alimentadoras dividem as outras duas faixas com os carros, motos e caminhões, e a parada desses ônibus ficam do lado direito, onde teoricamente o ciclista deve andar. Existe a alternativa de buscarmos rua paralelas a Caxangá, como a Av. Maurício de Nassau, no bairro da Torre ou a Rua Gomes Taborta que liga os bairros do Cordeiro, Zumbi e Prado.

Rotas Alternativas para passeio ciclistico

Rota 1
- Pegar pela Av. Maurício de Nassau seguir até a praça da Torre => pegar a rua Dom Manoel da Costa até a beira rio => Sobe a ponte, e dobra a direita na Rua Ruy Barbosa até cruzar a Av. Agamenon Magalhães passa o Hospital de Fraturas , e dobra a esquerda na Faculdade IBGM na rua Joaquim Felipe, segue e pega a Av. João de Barros, segue a Rua do Príncipe, cruzou a Av. Cruz Cabugá, passa o parque 13 de Maio, segue até a Ponte Princesa Isabel.

Rota 2
- Segue Av. Caxangá até o fim, passou o Museu da Abolição, dobra a esquerda, segue pela Rua Benfica, passando pela praça do clube Internacional, segue e cruza a ponte do Derby, pega a esquerda na Jenner de Souza e segue em frente até a Ruy Barbosa, e segue o mesmo caminho da Rota 1.

Rota 3
- Vá pela rua Gomes Taborda, siga até o fim do muro do Jóquei Clube, e vire a esquerda na rua Carlos Gomes, você sairá no Museu da Abolição e ai pode seguir o caminho da Rota 2.

Particularmente eu utilizo mais as Rotas 1 e 3, como já expliquei sobre a questão da Caxangá, e de toda forma a Rota 3, pra mim ainda é a mais segura, isso é só uma dica para quem se interessar. 

Ponte Princesa Isabel
Foto Antiga sem Data             Foto Atual: Anderson Melo - Março 2015

Pois bem, chegando por essa rota, nos deparamos logo na ponte Santa Isabel, esta liga o Bairro de Santo Amaro ao de Santo Antônio. O ângulo da foto não permitiu que eu fizesse uma bem parecida, mas podemos ver algumas diferenças bem marcantes, no que se diz a paisagem. Na foto atual, do lado direito observa-se bem vários edifícios construídos ao longo da rua do Sol, margeando o rio Capibaribe, estes estão por trás do antigo Liceu de Antes e Oficios, construído na segunda metade do séc. 19 e foi projetado por um Engenheiro Pernambucano chamado de José Tibúrcio Pereira de Magalhães, que também foi autor do prédio da Assembléia Legislativa de Pernambuco, que fica no outro lado do rio. Do lado esquerdo da imagem vemos o imponente prédio do Teatro Santa Isabel e a cúpula do Palácio da Justiça.



Bairro de Santo Antônio


No início da colonização da cidade pelos portugueses, a ilha onde encontra-se hoje o bairro de Santo Antônio continha somente algumas casas de pescadores, e foi
Mapa Prefeitura do Recife
chamada Ilha dos Navios, porque servia para fazer reparos em navios e outras embarcações que atracavam no Porto do Recife. No início do século XVII, foi fundado um convento e a área, que media aproximadamente seis hectares, passou a ser chamada Ilha de Santo Antônio. Além dessas duas denominações, a localidade foi ainda conhecida como Ilha de Antônio Vaz, Porto dos Navios e Ilha do Governador. 
Durante o período da invasão holandesa (1630 -1654), o conde Maurício de Nassau residiu nesta Ilha. Foi aqui que ele deu início à sua expansão territorial, fator determinante para o desenvolvimento urbano da época. Em 1644, construiu uma ponte em madeira - denominada Mauritstaad - para facilitar o acesso ao seu Palácio da Boa Vista, bem como ao Porto do Recife. Com o passar do tempo, a ponte foi chamada Ponte Holandesa da Boa Vista e, depois, Ponte da Boa Vista.


Sem Data - Notamos a presença do Bonde, com o Bairro Torre.                                      Foto: Anderson Melo -  Março 2015                     
Ponte da Boa Vista
Ponte da Boa Vista, na outra margem do rio Bairro de Santo Antônio 1940


 O jardim zôo-botânico de Nassau, o primeiro existente no Brasil, estava na atual Praça da República, um dos mais belos logradouros públicos da cidade, bem como o principal centro cívico, cultural e administrativo do Recife. O jardim ficava próximo às atuais ruas Primeiro de Março e do Imperador que eram chamadas, respectivamente, rua do Crespo e do Colégio. Em 1789, através de muitos aterros, vale lembrar, iniciou-se uma série de transformações na localidade, sendo criada a Freguesia do Santíssimo Sacramento do Santo Antônio.


Margeando com a tranquilidade das águas do rio Capibaribe, contrasta com a imponência de um dos mais representativos conjuntos arquitetônicos do Recife. Símbolos do poder político, cultural e judiciário de Pernambuco, o Palácio do Campo das Princesas ou Palácio do Governo que funciona desde 1967, o Teatro de Santa Isabel (projetado e construído pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier) e inaugurado no dia 18 de maio de 1850 e o Palácio da Justiça dividem a sombra do centenário Baobá, na Praça da República, como se ressaltassem que a união dessas três forças é parte característica do desenvolvimento social do Estado. Na Praça da República pode-se apreciar os monumentos a Augusto dos Anjos e aos heróis de 1817, a estátua do Conde da Boa Vista, uma fonte luminosa, várias espécies vegetais.

Teatro de Santa Isabel


Monumento Tombado pelo IPHAN no dia 31 de outubro de 1949. A idéia de construir um Teatro público no Recife, capital da província, partiu de Francisco do Rego Barros, futuro Conde da Boa Vista, presidente da província de 1837 a 1844. Era uma época de mudanças que afetaram as estruturas materiais da cidade e suas feições portuguesas de cidade recém-saída da época colonial. A proposta modernizadora contemplava a construção de estradas, pontes e edifícios públicos e tinha como objetivo não só dotar a cidade da infraestrutura necessária à implementação da economia provincial, mas também aproximá-la dos padrões estéticos europeus, mostrando uma cidade próspera e civilizada, que valorizava a cultura como um todo (aquisição e pelo usufruto de valores culturais). Neste sentido, era indispensável a criação de um Teatro. Além disso, durante a primeira metade do século XIX, a sociedade vinha atravessando um lento, mas decisivo processo de transformações no que no que se diz respeito à mentalidade e aos hábitos sociais que justificavam um desejo, cada vez mais acentuado, de contato social e busca de divertimento. Um local específico, reservado, onde se educassem os costumes, refinassem os gostos e exercitassem comportamentos apropriados. Projetado pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier e homenageado a Princesa Isabel, o teatro foi inaugurado em 18 de maio de 1850. A arquitetura neoclássica do inicio do século XIX está agora aliada à modernidade. A reforma fez uso da tecnologia que permitiu inovações na estrutura do Teatro e conforto para os espectadores. A arquitetura original está preservada, mas novos recursos tecnológicos foram implantados. O Teatro de Santa Isabel alia tradição e modernidade na vida cultural da capital Pernambuco.

Sem Data                                                        Foto: Anderson Melo - Março 2015
Foto: 1905

Se compararmos as três imagens, notamos algumas diferenças significativas como: na imagem sem data notamos a presença de uma estátua, não consegui identificar quem era, poderia ser uma das estátuas que estão ao redor da fonte que fica no meio da praça da república, mas não encontrei alguma parecida. Tentei me informar com funcionários do teatro, e nem eles mesmos sabiam da existência, chegaram a negar, mostrei a foto e ficaram sem saber o que dizer. Na imagem abaixo de 1905, notamos a presença dos bondes na rua lateral ao teatro,  caraterística que eu só descobri por fotos, pois não há nenhum vestígio no local, de que ali passou um dia bondes. Atualmente temos uma parte que foi feito um jardim para o teatro, e outra que divide calçada mais a via asfaltada que leva de volta até a Ponte Princesa Isabel.
Sem Data
Foto: recife.pe.gov.br
Comparando as imagens, percebemos as diferenças visíveis no lugar, antes a fonte repleta de vegetação aquática, as plantas conhecidas como Vitória Régia, eram uma característica marcante de um dos paisagistas mais conhecidos no Brasil. Roberto Burle Marx, fazia com que a vegetação fosse a linguagem da paisagem que ele criava. Na imagem da prefeitura do Recife, temos uma bela foto da quela não condiz com as condições atuais da fonte. Pois a realidade podemos ver na foto abaixo. Existem várias versões porque em muitas praças do recife as suas fontes estão secas .
Foto: Anderson Melo                                                  Março 2015

Palácio do Governo


Olhando nesta posição para última foto, se virarmos a direita encontraremos o Palácio do Governo, ou para alguns Palácio do Campo das Princesas, que é nossa sede do Poder Executivo de Pernambuco. Construído por volta de 1840, por um engenheiro conhecido como Firmino Morais Ancora, onde tínhamos o chamado Tribunal da Relação ou mesmo Erário Régio ( como se fosse a Secretaria da Fazenda daquela época). Na frente dele foi plantado uma baobá, uma árvore trazida pelos sacerdotes africanos, esse baobá específico é conhecido como a possível inspiração para Saint Exupéry, quando depois que passou ali, escreveu O Pequeno Príncipe.

O tal edifício passou por um grande reforma cerca de 20 anos após sua construção, para receber e hospedar o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina e suas filhas, dai vem o nome conhecido Campo das Princesas, pois era onde elas brincavam e levou este nome para o Palácio. Meio século após, o edifício passou por outra reforma, foi remodelado, decorado e mobiliado. No fim dos ano de 1960, o prédio chegou a ser sede do Governo da República, com o Presidente Costa e Silva. Atualmente o edifício passou por um processo de restauro, a sede do governo ficou por um tempo no Centro de Convenções de Pernambuco, e em 2014 voltou a funcionar. Foi nele também onde ocorreu no dia 17 de agosto de 2014, após o falecimento num acidente aéreo quatro dias antes, que aconteceu o velório do até então Governador do Estado de Pernambuco e candidato a presidência da República, Eduardo Campos.
Erário Régio ou Tribunal da Relação                                       Foto : Sem data
Campo das Princesas ainda com um Coreto central, não mais existente, ao lado esquerdo o Teatro Santa Isabel e ao lado direito uma parte do antigo Erário Régio ou Tribunal da Relação  - Foto : 1850 
Palácio já reformado para receber o Imperador Dom Pedro II, na esquerda já podemos ver uma ponta da Assembleia Legislativa de Pernambuco  - Foto: 1880
No fundo já podemos ver bem a Assembleia Legislativa de Pernambuco, terminada em 1876. Foto : 1885


Sem data                                                                                  Março 2015

    Em ambas imagens percebemos a maior diferença no traçado da praça e na vegetação existente.

Praça e Palácio das Princesas 1930               Foto: Anderson Melo - Março 2015
Velório Eduardo Campos - 17/08/2014                                            Foto: Band

Palácio da Justiça


O Palácio da Justiça é o edifício-sede do Poder Judiciário de Pernambuco e abriga em suas instalações o Tribunal de Justiça do Estado. Foi no governo de Sérgio Loreto que a construção do Palácio da Justiça recebeu atenção especial, cuja pedra fundamental foi lançada no dia 2 de julho de 1924, em comemoração ao primeiro centenário da Confederação do Equador. Neste início de século, o Recife já passava por modificações urbanas de influências europeias , principalmente de Paris, as quais orientavam os melhoramentos e embelezamentos da cidade. O projeto para a construção do Palácio da Justiça, em estilo eclético, aprovado em 1924 pelo engenheiro-chefe das Obras Complementares do Porto, é do arquiteto italiano, formado pela Escola de Belas Artes de Paris, Giácomo Palumbo (1891-1966), depois de 4 projetos apresentados, o dele permaneceu para a obra. A construção do edifício do Palácio da Justiça levou cerca de seis anos para ser concluída e foi inaugurado em 7 de setembro de 1930. Entretanto, no governo de Carlos de Lima Cavalcanti o Palácio da Justiça foi totalmente concluído: houve a aquisição do mobiliário e o acabamento final nos ambientes do edifício.                 
Foto: Fonte Blog Braulio Moura
Foto sem data                                                            Foto: Anderson Melo - 2014
Considerado um dos edifícios mais ecléticos do Recife, o Palácio abrange uma superfície de 2.506m2 e tem cinco pavimentos.Também na na fachada, em frente à cúpula, encontram-se dois grupos de esculturas alegóricas a justiça e à lei, intitulados “A Justiça e a Família” e “A Justiça e o Homem”, do artista pernambucano Bibiano Silva. As escolhas das janelas é feita a partir de dois tipos essenciais, as de vergas retas, para o 2° pavimento e as de vergas em arco romano no 1° pavimento. Um excelente detalhamento na decoração externa, as linhas neo-clássicas valorizam ainda mais o frontão com os demais elementos Greco-Romanos como os entablamentos, arquitraves, cornijas. Nas janelas inferiores permanecem a linha de arco de Plena-Cintra, numa visão Renascentista que é bem própria dos elementos do Neo-Classicismo. As colunatas centrais de painéis decorativos com elementos vegetais, completam o contexto da arquitetura no estilo escolhido.                                                                                                                                                      
Foto: Anderson Melo 2014
O Centro é composto de uma colunata, em pórtico, com elementos geminados e emoldurados por dois corpos salientes que se arrematam, a composição em seus extremos. Os frisos Greco-Romanos e as colunas do centro em estilo coríntias, que se encontram aos pares, se repetem nas partes que simetricamente, ligam os quatros corpos estreitos. O ritmo é simples e a escolha recai em colunas soltas da superfície do muro. O edifício muito bem composto trata as sombras e a luz de tal forma que elas valorizam a colunata, a maneira dos melhores projetos do séc XVIII francês. No projeto é de excelente bom gosto o centro da fachada, onde as distancias entre as bases das colunas monumentais, deixam valorizar as escadaria de acesso que corre de um a outro lado dos elementos volumétricos que arrematam tal parte. No desenho é interessante a maneira que se movem as sombras e o sentido de profundidade com que as figuras desenhadas em planos diferentes se insinuam no prospecto.  Ainda observando a fachada frontal, podemos observar o pódio que sustenta as colunas e um portão de entrada característico com uma escada de acesso, são templos luxuosos e bem iluminados. 

Desenho Próprio - Disciplina História da Arquitetura , prof: Tomás Lapa - 2014

Um pouco rebaixada do que deveria ser do projeto original, a cúpula do Palácio da Justiça é um sólido emento complementar da bela arquitetura eclética, e mais ainda do Renascimento. Assentada na estrutura principal, quase formando um transepto, a base é quadrangular, que parece um tambor, com armação de concreto e ferro, em traços suaves de “meia volta”, com arcos plenos de Cintra. Vista de baixo parece ser pequena, mas é uma das maiores do Brasil.          


Desenho: Reicy Andrade                                                                                                                         Desenho: Cyntia Saraiva

Do jardim da Praça da República sob a sombra das palmeiras imperiais, o Palácio da Justiça marca a sua presença, no tempo. Um monumento eclético que preserva a memória da História da Justiça em Pernambuco. Da porta do palácio vemos esta praça, e no lado oposto a este desenho vemos o palácio do Campo das Princesas. Ao lado direito deste o teatro Santa Isabel, o conjunto se completa com um dos mais expressivos monumentos nobres do Estado.


Capela Dourada da Ordem Terceira de São Francisco


Fachada da Capela Dourada - Recife                Foto : Anderson Melo
Passando pelo conjunto da praça do campo das princesas, podemos virar a direita, ao lado do Palácio da Justiça. Chegaremos a Rua do Imperador Pedro II, nela encontraremos a Capela Dourada.
Datada do século XVIII, a sua beleza, por sua vez, vem atraindo muitos visitantes brasileiros e estrangeiros ao Recife, entre eles historiadores e pintores. Os trabalhos empreendidos no altar-mor, nos seis altares, nas portas, no púlpito, nas duas cornijas do interior, no forro e no emulduramento das pinturas, são de estilo barroco, muito em voga em Portugal e no Brasil no século XVII. Por sua vez, a alcunha de dourada deve-se ao fato de, cada centímetro do seu interior, se encontrar revestido por magníficas talhas de cedro, cobertas por finas lâminas de ouro de 22 quilates. O templo foi construído no ápice do poderio econômico de três elementos tradicionais da Região Nordeste: os senhores de engenho, os representantes da nobreza e as ricas irmandades.

Interior da Capela - Foto : Eu Curto Recife

Praça Dezessete


Seguindo pela mesma Rua da Capela Dourada, a cerca de 500 metros iremos encontrar a Praça Dezessete.  Já foi chamada, também, Praça Pedro II e, finalmente, passou a Praça Dezessete, numa referência ao movimento republicano de 1817. Em 1846, foi instalada na praça uma fonte de mármore, com estátua de índia representando a nação brasileira, fabricada em Gênova, Itália.

Foto: Anderson Melo                      Março 2015

   Igreja do Divino Espírito Santo            Foto: Anderson Melo   Março 2015
No local da igreja 1642, existiu um templo calvinista. Após 1654, foi construído o Colégio e a Igreja de Nossa Senhora do Ó, da Companhia de Jesus. Com a expulsão dos Jesuítas, em 1759, funcionou no colégio o Palácio dos Governadores, sendo restaurada em 1855. Estão registrados nessa praça também: o feito de Santos Dumont, inventor do avião, e a travessia aérea do Atlântico Sul, realizada por aviadores portugueses que chegaram ao Recife a 05/06/1922. Também existe ali uma imagem de Ícaro, figura da mitologioa grega cujo pai (Dédalo) chega à Sicília com asas artificiais, enquanto ele afogou-se no Mar Egeu.

Paralela a Rua do Imperador Pedro II, temos a Av. Martins de Barros que margeia o rio,  e de esquina com a praça Dezessete temos o antigo Grande Hotel, que hoje funciona o Fórum Thomaz de Aquino.
Av. Martins de Barros Dec. 30                                                    Foto: Anderson Melo                                                  Março 2015
Visivelmente já percebemos a principal mudança na paisagem, o Monumento que homenageia a Gago Coutinho e Sacadura Cabral , pela Primeira Travessia Aérea do Atlantico Sul, que refizeram a rota que Pedro Alvares Cabral realizou, que culminou na conquista do Brasil. Esse monumento foi relocado para dentro da praça, para o alargamento da Av. Martins de Barros. Na imagem nem percebemos que existe ainda, por conta da vegetação muito densa, escondendo um monumento, que deveria ser visto. Tanto na praça como por toda extensão do rua do Imperador Pedro II, temos a presença de um grande número de moradores de rua.
Foto : Anderson Melo                                                                       Março 2015

Igreja e Pátio do Livramento


Seguindo ainda a Rua do Imperador Pedro II, iremos sair na Av. Nossa Senhora do Carmo, pegando a direita na avenida, e seguindo poucos metros, vamos encontrar do lado direito a Rua Duque de Caxias, conhecida com o seu grande movimento comercial, e do lado esquerdo o Pátio e Igreja do Livramento, com ruas estreitas que darão no Mercado de São José, que mais tarde estudaremos.

R. Duque de Caxias                                 Foto: 1930              Foto : Anderson Melo                                 Foto : Março 2015
R. Duque de Caxias                             Foto: Sem Data           Foto : Anderson Melo                                 Foto : Março 2015
Temos aqui a Igreja Nossa Senhora do Livramento, uma foto sem data. Uma Igreja relativamente recente , tendo sido aberta ao culto religioso no dia 9 de dezembro de 1882. A construção do prédio, porém, começou bem antes disso. As suas talhas, por exemplo, foram elaboradas pelo artista entalhador João da Costa Furtado, de 1715 a 1717. Percebemos timidamente uma "preservação" do casario que forma o entorno, porém já um pouco descaracterizados. Temos linhas de bonde que foram perdidas, mais arborização na rua e a presença de muitos cavalos no lado direito, como se funcionasse algum comércio ou feira livre, coisa que nos dias atuais permanece muito forte esse aspecto comercial, de lojas e ambulantes. Além das linhas dos bondes, escondidas abaixo do calçamento, temos vegetação escassa e umas espécies de palmeiras plantadas do lado esquerdo da foto atual, bem diferente do tipo de vegetação local. A Igreja em si, aparenta um bom grau de conservação, onde mantém suas principais características tanto na arquitetura, como em sua funcionalidade, que ainda mantém a atividade religiosa. Hoje, a cerimônia de maior repercussão é a Missa do Comércio, rezada todos os domingos as 12:00, no altar de Nossa Senhora da Soledade, santa que foi consagrada a padroeira dos Empregados do Comércio de Recife.


O Pátio e Igreja de São Pedro dos Clérigos


Vista da Igreja de São Pedro para o Pátio          Foto : Sem Data
O Pátio de São Pedro, tal qual sua configuração urbana atual, surgiu da construção da igreja que lhe deu o nome nas primeiras décadas do século XVIII. Segundo a história, antes da edificação da igreja, havia no local apenas uma horta e seis casas de morada assentadas junto às trincheiras holandesas. As casas foram destruídas para dar início à construção da igreja em 1728, tendo sido, inclusive, aproveitada parte do material demolido do casario na obra da igreja. A configuração urbanística do pátio era isolada do resto do conjunto urbanístico da cidade por meio de quadrilátero quase fechado por casas que circundam a igreja. É provável que tal configuração mais ou menos hermética, com perspectivas marcantes, tenha sido propositalmente pensada pela Irmandade de São Pedro dos Clérigos, já que, antes da construção da igreja, se passou bastante tempo entre a tomada de decisão até a idealização definitiva da planta. Tudo indica que o conjunto de casas também foi pensado, já que passavam a pertencer à irmandade as seis moradas e a horta.

   Pátio de São Pedro   Foto: Anderson Melo                  Data : Março 2015
Igreja de São Pedro   Foto: Anderson Melo                  Data : Março 2015
Pulsando no coração da cidade, o Pátio termina servindo como um espaço de fuga e respiração, um “oásis” no universo caótico do ‘centrão’, com seus bares e restaurantes, sua programação cultural e leveza, em sua área aberta, cercada por belas ‘casinhas’, que lembram o estilo colonial. Nelas foi instalado um conjunto de equipamentos culturais de referência, um extrato da nossa cultura, um concentrado histórico cultural e sentimental. Fechado, arquitetonicamente, mas culturalmente, aberto, o Pátio de São Pedro constitui uma síntese cultural e artística do Recife, com sua mistura de crenças, criações, festas, danças, alegrias, músicas. Arte, inteligência, boêmia e memória. Valores a serem preservados sob uma perspectiva de diálogo, interação com o contemporâneo.

O Pátio e Igreja Nossa Senhora do Carmo


Igreja do Carmo                                                         1865
Igreja e Pátio do Convento Nossa Senhora do Carmo       Foto: Anderson Melo  Março 2015
Você olhando para frente do pátio de São Pedro, estando de costas para a Igreja, pegue a primeira rua a esquerda, e sairá na Av. Dantas Barreto, de frente na a Igreja do Carmo. A basílica foi construída em 1687 e possui traços barrocos. No altar dourado, a imagem da padroeira Nossa Senhora do Carmo, em tamanho natural, se destaca. O altar principal abriga valiosas coroas de ouro e pedras preciosas. Foi nesse convento que Frei Caneca ordenou-se sacerdote.


Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio


No bairro de Santo Antônio pode ser apreciada a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio, um dos templos mais bonitos da cidade, finalizado no século XVIII, que possui um estilo barroco colonial e está localizado em volta da Praça da Independência. No local onde a igreja foi construída jaziam, antes, as trincheiras dos holandeses e a conhecida Casa de Pólvora.  

Igreja de Santo Antonio 1940                                                  Foto Anderson Melo                                           Março 2014
 Igreja Matriz de Santo Antônio e Praça da Independência                         1960

Praça da Independência

Popularmente conhecida como praça do Diário, pelo fato do prédio do Diário de Pernambuco ser instalado no local, com um belo edifício e devido a grande importância na circulação do jornal desde o século XX. A praça já teve diversos nomes, como Terreiro dos Coqueiros, Praça do Polé, Praça da União até 1833, receber o atual nome.A praça já sofreu várias mudanças, e está bem descaracterizada, se comparada aos dias atuais. Ela ocupava um pequeno espaço entre as ruas 1° de Março, e Duque de Caxias, onde havia um quarteirão de sobrados próximos a Matriz de Santo Antonio e Rua Nova, onde grande parte do casario foi destruído para ampliação do bairro do Santo Antonio.

Praça da Independência 1920                                                              Foto : Anderson Melo                               Março 2015
Pode-se perceber a grande diferença na formação e distribuição do espaço. Na foto antiga temos um lugar amplo com boas vistas para todas as direções, poucas barreiras físicas, e um gonjunto de sobrados chegando até 4 pavimentos. Atualmente, com o aumento da população, consequentemente do comércio, temos este grande impacto visual. Isso são barracas, de ambulantes credenciados, que foram colocados bem no meio do grande pátio que formava toda a praça, o casario já bem descaracterizado também. Na foto abaixo podemos ver ao lado esquerdo, o prédio do Diário de Pernambuco.
Praça da Independencia                                Foto: Anderson Melo     Março 2015
Igreja Rosário dos Homens Pretos  1926                                                        Foto: Anderson Melo                          Março 2015

Av. Guararapes


Começou a ser idealizada e projetada no final da década de 1920, pelo arquiteto Nestor de Figueiredo e os engenheiros José Estelita e Domingos Ferreira, acreditando que com a construção da mesma, resolveria os problemas de trânsito do Recife. Sua construção obrigou a Prefeitura do Recife a demolir ruas e quarteirões inteiros, iniciando a chamada reforma do bairro de Santo Antônio. Grande quantidade de prédios veio abaixo, entre eles, os da Rua Sigismundo Gonçalves, que desapareceu do mapa, Rua das Florentinas e Largo do Paraíso, de onde sumiram a Igreja de Nossa Senhora do Paraíso, a Santa Casa de Misericórdia e o quartel do Regimento de Artilharia, onde eclodiu a Revolução de 1817. Até então era chamada de 10 de Novembro, depois de Construída passou-se a ser Av. Guararapes.

A cidade do Recife em 1950 estava muito longe da sua aparência de agora. Para você ter uma ideia, era muito mais adensada nos bairros de Santo Antônio, São José, grande parte da Boa Vista e o Bairro do Recife. A grande transformação da cidade pouco antes de 1950 foi a Avenida Guararapes. Essa foi importantíssima. Porque a Avenida Guararapes constituiu a maior modernidade que o Recife desejava. E lembre que a Avenida Guararapes é onde iriam se instalar o Savoy, os grandes edifícios representativos da cidade, modernos, porque eram semelhantes àqueles que surgiram no Rio de Janeiro na mesma época. Depois vem a abertura, mais tardia, da Avenida Conde da Boavista, ligada à Guararapes pela Ponte Duarte Coelho. O bairro de Santo Antônio era de população de classe média e abaixo da classe média um pouco, mas que tinha uma convivência humana extraordinária, havia bares, bilhares, o Cinema Ideal, toda aquela vida noturna que se configurava como agradável.
                                                                                                   José Luiz Mota Menezes

Igreja do Paraíso e Santa Casa da Misericórdia 1938              Atual Ed. Santo Albino    Foto: Anderson Melo     Março 2015                                    

Santa Casa de Misericórdia. Localizada no antigo Pátio do Paraíso, a construção remonta ao final do século 17, mas teve a fachada principal redesenhada pelo professor Rodolfo Lima, a pedido da Igreja, como relata o arquiteto José Luiz Mota Menezes. Quando foi demolido na década de 1940 do século XX, para a abertura da Avenida Guararapes (Rua 10 de Novembro na época) e o alargamento da Rua das Florentinas (apagada do mapa em reformas urbanas), o templo apresentava fachada no estilo neogótico. Ao lado da igreja funcionava o Hospital do Paraíso, de caridade. “Nessa Casa da Misericórdia havia uma roda de enjeitados e muitas crianças abandonadas foram educadas pela instituição”, diz José Luiz. Nos Anais Pernambucanos, o historiador Pereira da Costa informa que em 1871 a Prefeitura impôs uma nova denominação para o Pátio do Paraíso: Praça 28 de Setembro, numa homenagem à Lei do Ventre Livre, decretada naquele ano e que tirava da escravidão os filhos das escravas nascidos a partir daquela data. Depois, a Prefeitura modificou novamente o nome do logradouro para Praça do Barão de Lucena. Em seguida, a municipalidade põe abaixo todo o conjunto de casas que formavam o pátio.


“O agente que construía o ‘Novo Recife’ pouca atenção daria a edifícios velhos, ruas estreitas e mal cheirosas e antigos edifícios religiosos”, lamenta José Luiz Menezes. A Igreja de Nossa Senhora do Paraíso ficaria nas imediações do atual Edifício Santo Albino, na esquina das avenidas Guararapes e Dantas Barreto. Do antigo templo, restam apenas fotografias que mostram a construção ainda de pé e a seqüência da demolição no acervo iconográfico do Museu da Cidade do Recife.
Av. Guararapes    1957                                                  Foto: Anderson Melo               Março 2015 
Av. Guararapes 1945
Vista da Ponte Duarte Coelho  Foto : Anderson Melo                      Março 2015

Seguindo a direita da foto a cima, iremos chegar na praça Joaquim Nabuco, ao cruzar a Ponte da Boa Vista com a Rua Nova.

Praça Joaquim Nabuco        Sem Data                                                  Foto : Anderson Melo        Março 2015


Referencias :








ROCHA, Tadeu. Roteiros do Recife: Olinda e Guararapes. 3. ed. Recife: [s.n.], 1967. 1o. Prêmio "Cidade do Recife" no triênio 1956-1959.

FRANCA, Rubem. Monumentos do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Bairro do Recife ou Recife Antigo

Enfim, chegou o dia em que estou trazendo o primeiro bairro visitado para a continuação de meu objetivo. Só lembrando, que farei visita a todos os bairros de Recife com minha bicicleta, registrando e coletando informações sobre as mudanças e atualidade dos lugares.

Pedalando por essas ruas seculares, na maioria em paralelepípedos e trilhos de bondes expostos, podemos admirar a beleza de cada obra, dos edifícios, os sobrados, um conjunto que forma uma grande memória do passada, ainda vivo, porém ainda parece ser esquecido por muitos. O tempo parece passar mais devagar, nos faz lembrar dos momentos aqui vividos, das lutas, dos trabalhos... E hoje, como ainda poder manter essa memória viva em cada um que ali passe? Como adequar as construções, seja ruas ou edifícios, as demandas de nossa atualidade? De que forma encaixar por entre as ruas estreitas a frenética força do Porto Digital, sem agredir nosso patrimônio? O aparente contraste confere ao bairro do Recife, por muitos conhecido como o Recife Antigo, mais um ingrediente à sua singular existência, que já testemunhou o início do comércio português, a ocupação e a rendição dos invasores holandeses e o desembarque no seu porto de personagens ilustres como Charles Darwim, Santos Dumont, Dom Pedro II e sua esposa, a Imperatriz Teresa Cristina, entre tantos outros.

 Rua do Bom Jesus 1880                                         Foto: Anderson Melo dez.2014


Rua do Bom Jesus, que já foi conhecida como rua dos Judeus. Nessa foto antiga, podemos observar mais próximos, escravos negros com barris, e outros mais adiante carregando sacos, que podia ser açúcar ou algodão, seguindo na direção de Olinda, também existe uma fonte (chafariz) no meio da rua, atualmente não existe mais. Nas laterais da imagem temos os sobrados variando com até 3 pavimentos, estes, são registros da arquitetura erguida durante oPeríodo Holandês em Pernambuco, considerada a primeira espécie de estruturavertical do país . Onde no térreo funcionava o comércio e armazém de mercadorias, além de abrigar os escravos e animais, e nos pavimentos superiores, tínhamos a moradia dos senhores e suas famílias. Ao fundo de ambas imagens podemos ver a Torre Malakoff com presença marcante e imponente na paisagem, porém na foto de 2014, percebemos que temos a vegetação que tanto bloqueia a vista da torre como dos sobrados.
No séc. XIX foi construída a Torre Malakoff, símbolo marcante do Recife Antigo. Um decreto de 1834 deu início as obras do Arsenal da Marinha. Mas o primeiro documento que o edifício foi mencionado datava 1855. Possui um gradil de ferro e uma cúpula de metal que encontram-se muito bem conservados. A princípio seu propósito era ajudar na defesa militar, instalando um observatório astronômico. Segundo relatos seu nome advém na época da Guerra da Criméia(1853-1855), na atual Ucrânia, a população de Recife encantada com a força e resistência dos militantes da Torre Malakoff original, adotaram assim o mesmo nome para a torre da capital pernambucana. O edifício é tombado* como monumento histórico pela Fundape em 1992, a Torre, que durante décadas orientava as navegações que saíam e chegavam ao Porto do Recife, hoje é um espaço cultural. No programa encontramos, anfiteatro e salas de exposição, palestras, oficinas e sala multimídia entre outros e também é utilizada para abrigar e promover exposições, festivais, oficinas, cursos de formação no campo da produção cultural e as mais diversas iniciativas na área da cultura. A Torre Malakoff, está aberta todos os dias para visitação do público em geral, eu particularmente não entrei pois a cúpula está interditada para reforma.

                                      Malakoff 1880, Foto Moritz Lamberg                   Foto: Anderson Melo Dez.2014                                                                    

Localizada na Praça do Arsenal da Marinha, hoje, a Malakoff funciona como espaço cultural, destinado a apresentações musicais e exposições temporárias. Tombada como monumento histórico pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em 1992. A maioria das pessoas vão para ter acesso ao equipamento do observatório.
O bairro do Recife tem primazia em diversos aspectos. Tem como grande marco a construção da primeira ponte do Brasil, construída a mando de Maurício de Nassau, ligando o bairro portuário ao bairro de Santo Antônio, por conta da grande densidade demográfica da região e se fez necessário buscar a expansão. Os Judeus ganharam o primeiro templo oficial das Américas, erguido em 1636. A Sinagoga Kahal Zur Israel, uma das edificações mais importantes da região, foi inaugurada durante o governo holandês e fechada com a volta dos portugueses ao poder, ficou durante muito tempo escondida sob escombros na rua do Bom Jesus. Atualmente, restaurada, abriga exposições e conta uma parte importante da história da comunidade hebraica em Pernambuco.

                            Foto: Anderson Melo dez.2014 
 Ponte Maurício de Nassau                                     Foto: Anderson Melo dez.2014
DESCRIÇÕES
tem 180 metros de comprimento por 16 de largura, com um aumento de 4 metros sobre a largura da ponte antiga;
é dividida em 7 vãos, em arco de parábola, sendo 5 de 30m e 40 cm e 2 de 13 e 80 cada um;
repousa sobre as fundações da antiga ponte, reforçadas por 109 estacas de cimento armado;
cada pegão tem resistência calculada para suportar uma carga de 720 toneladas;
os passeios têm 2 metros e meio de largura e a parte central, a rodagem, com 11 metros, dando passagem às duas linhas da Tramways e a duas viaturas em ambas as direções;
o calçamento dos passeios é em cimento e o da "rodagem" em paralelepípedos;
margeiam a ponte, de um e outro lado, guarda - corpos de cimento armado, alternados na parte correspondente aos pegões, por varandins gradeados de ferro.


Sua última reconstrução por volta de 1917, feita pelo engenheiro Emilio Baumgart, um dos pioneiros de concreto armado daquele período. Em 1924, surgiu o nome de Companhia Construtora Nacional, funcionando até 1974.
Sob a ponte, no respectivo estrado, passam as canalizações de gás, água e saneamento.


O bairro do Recife sempre foi visto como uma área bastante comercial, mas c
om os investimentos federais e todas as atenções voltadas ao Porto de Suape, o Porto do Recife foi aos poucos sendo esquecido, e as regiões do centro foram sendo um pouco escanteados tornando-se cada vez mais obsoletas.Após um período de abandono, dos anos 1990 para cá o Recife Antigo vem sofrendo grandes mudanças tanto positivas como negativas. A ideia é devolver ao bairro seus espaços de convivência, tanto para o turista, como para a população local. 

Segundo a prefeitura do Recife, a partir de 1993 é deflagrado um projeto de impacto que concentra as ações na Rua do Bom Jesus e ao seu entorno, espaço mais antigo da cidade, cujo traçado remonta ao Século XVII. O Projeto Cores da Cidade, em parceria com as Tintas Ypiranga e a Fundação Roberto Marinho, promove a recuperação e as pinturas das fachadas, introduzindo um cromatismo que destaca e explicita a riqueza de composições das fachadas ecléticas. Paralelamente, um "mix" de uso estabelecidos para as quatro ruas que compõem o Polo Bom Jesus, privilegiando a gastronomia e o lazer. As estratégias de ação concentram-se então, na criação de incentivos fiscais, na elaboração e aprovação de Plano Específico de Revitalização, em consonância com a Lei Orgânica do Município, com o Plano Diretor da Cidade e, principalmente, com a definição de um modelo de gestão que proporcione um desenvolvimento local com bases sustentáveis. 

Um dos edifícios que estão no processo de restauração é o Chanteclair, que fica logo na entrada do bairro, para que vem pela ponte Mauricio de Nassau.


Chanteclair 1920                                                    Foto: Anderson Melo dez.2014

A Prefeitura, através da Lei nº 16.290/97 ( Plano Específico de Revitalização da Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural 09 - Sítio Histórico do Bairro do Recife) , define para o Bairro do Recife, três setores em função de características espaciais, compreendendo o Setor de Intervenção Controlada, o Setor de Consolidação Urbana e o Setor de Renovação. Foram ainda definidos cinco polos de interesse, unidades de caráter temporário, que possibilitarão planos estratégicos e específicos, são eles: Polo Bom Jesus, Polo Alfândega, Polo Pilar, Polo Arrecifes e Polo Fluvial. Foi criado o Fundo de Revitalização do Bairro do Recife para prover de recursos orçamentários às diversas ações a serem implantadas. Hoje o processo de revitalização do Bairro do Recife, conta com o apoio da opinião pública e do empresariado que têm investido na área com novos empreendimentos.

Polo Bom Jesus                           Foto: Anderson Melo dez.2014
O processo de conservação da identidade do bairro, contempla vários projetos que buscam essa retomada pela vivência do lugar. No Programa Monumenta, que em Recife envolve grandes investimentos no setor de restauro em patrimônio histórico.

Igreja Madre de Deus                                  Foto: Anderson Melo
Tivemos a restauração da Igreja Madre de Deus, a readequação do Conjunto Chanteclair, a urbanização do Cais da Alfândega e a revitalização das ruas Madre de Deus e da Moeda e a Avenida Alfredo Lisboa. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o templo foi erguido em 1680, e tem características da segunda fase do Barroco. Nesta foto na rua Madre de Deus, podemos ver a Igreja e logo após avistamos o Shopping Paço Alfandega, antigamente era um convento oratoriano anexo a igreja.
Paço Alfandega Shopping e Igreja Madre de Deus      Foto: Anderson Melo


                                                                       
Aqui temos uma ampla vista da rua que foi criada uma rua para pedestres, com vista para o antigo cais da alfandega. O Shopping, é dito como ser de luxo, em meio a um lugar tão "esquecido" criaram este equipamento para atrair mais pessoas para um centro comercial, transformando a região e todo seu entorno.






                                                                               
Estátua Chico Science       Foto: Anderson Melo dez. 2014




De frente a saída de trás do Shopping Paço Alfandega, encontramos uma das ruas mais famosas do centro do Recife. A rua da Moeda. Bastante popular e abriga um enorm público de diferentes idades, por possuir vários bares de diferentes estilos, com apresentações músicais, prévias carnavalescas entre outras atividades. A estátua do "lendário" Chico Science, era um compositor e criador do movimento chamado Manguebeat, que surgiu na década de 90, misturando vários ritmos musicais regionais. Foi escolhido ficar a sua estátua nesta rua, por ser o polo relacionado ao movimento manguebeat.








Se formos ao Marco Zero do Recife, chegaremos a Av. Alfredo Lisboa, onde encontramos um conjunto de eficicações ecléticas, construídos na época que chamaram de "Embelezamento do Recife" alguns construídos por ingleses, tem vários usos, já foi Banco de Londres, Sede da Antiga Bolsa de Valores e Associação Comercial de Pernambuco, hoje todos são equipamentos de uso público, com incentivo a cultura. Alguns permanecem com suas características, alguns mudaram e outros simplesmente desapareceram, entrando novos equipamentos que mudaram a leitura e entendimento do conjunto como um todo. Tentarei mostrar como era e como está atualmente, alguns angulos não foram possíveis porque estão montando áreas, por conta das comemorações de fim de ano.

                                                      Praça do Marco Zero                      Foto Anderson Melo dez.2014                                                                                                                                                                                                                                                                     Observando nesta foto de 1930, comparando com agora, a primeiro plano observamos os quatro edifícios em amplo diálogo, de forma e gabarito. Em 2014, observamos na esquerda que uma das edificações foram abaixo, sendo construído um edifício que não se parece nenhum pouco com os demais, tanto em função como forma, ate mesmo os materiais usados e por trás surgiu um edifício que fere completamente a paisagem do Recife, no que se diz a Memória. A descaracterização do conjunto não fica apenas nessa região. 
 Col. Allen Morison                        Foto Anderson Melo dez.2014   
Não encontramos a formação original da praça, que tinha no seu centro a estátua do Barão do Rio Branco, ela foi retirada do centro, e foi relocado mais para a direita, ficando na frente do armazém do artesanato, no lugar da estátua ficou o medalhão do marco zero do recife.

                                                        Foto Anderson Melo dez.2014 

Seguindo a Av. Alfredo Lisboa, encontramos um grande quantidade de equipamentos que passaram por processos de renovação urbana, alguns reformados, outros totalmente construídos. Mas lembrando, todos fazendo parte do incentivo a cultura. Cinemas, teatros, polo de artesanato, apresentações etc.

Casario da Av. Alfredo Lisboa                              Foto:Anderson Melo dez.2014
Armazém do Artesanato de Pernambuco              Foto:Anderson Melo dez.2014
Museu a céu aberto de Recife                              Foto: Anderson Melo dez.2014
Museu Cais do Sertão                                            Foto: Anderson Melo dez.2014
Terminal Marítimo de Passageiros                    Foto: Anderson Melo dez. 2014


Atualmente no bairro existe o Projeto como o Recife Antigo de Coração, que fecha algumas ruas do bairro no último domingo de cada mês buscando aos poucos tornar a área um espaço de lazer, trazendo uma alternativa de diversão para a população da cidade. Mesmo sabendo que o bairro tenha uma histórica que nos lembra a ser um centro comercial, o projeto tenta torná-lo um grande parque nos finais de semana sendo talvez uma forma de ocupar a região de maneira agradável a todas as pessoas independente de sua idade. São montados diversos pólos de animação em algumas ruas, atraindo muito atenção de empresas que são ligadas ao ramo de gastronomia, bares, restaurantes, artesanato.
Recife Antigo de Coração
Recife Antigo de Coração

Diferente de tempos passados, a luta que atualmente o povo recifense trava hoje é pela conservação do seu patrimônio histórico, e sem dúvida, o surgimento da capital pernambucana tem papel fundamental nessa ação de resgate. Hoje, existe praticamente um consenso de que é preciso enxergar o futuro, sem no entanto, relegar o passado. Preservando a história, adentramos no século XXI com a identidade cultural fortalecida. A cidade passa por um grande movimento que ultrapassou barreiras que poucas pessoas imaginavam, a questão do Cais José Estelita, com o movimento #OCUPEESTELITA. Não precisamos apagar nossas memórias, e muito menos fazer com quer gerações futuras não saibam o que nós passamos agora, isso é crime. A história faz parte da vida, a humanidade precisa dela, para saber de onde vem, porque estamos aqui e pra onde vai. Como existe uma frase popular que diz: "Quem Vive de Passado é Museu...", será mesmo que apenas museu vive de passado???

E pra terminar vou deixar a imagem que me deixou chocado na visita... A quantidade de lixo que encontrei no rio, no Cais da Anfandega. Quando a maré está alta, não observamos isso, a maré secou, ao invés de termos o mague exposto com os animais circulando, olha o que encontrei. Lamentável!

Foto: Anderson Melo dez. 2014


Fui na rua pra brincar, procurar o que fazer
Fui na rua cheirar cola, arrumá o que comer
Fui na rua jogar bola ver os carro correr
Tomar banho de canal quando a maré encher

Quando a maré encher, quando a maré encher
Tomar banho de canal quando a maré encher

É pedra que apóia tábua e madeira que apóia telha 
Saco plástico, prego, papelão 
Amarra corda, cava buraco 

Barraco 
Moradia popular em propagação 

Cachorro, gato, galinha, bicho-de-pé 
E a população real convive em harmonia normal 
Faz parte do dia-a-dia 

Banheiro, cama, cozinha no chão |
Esperança, fé em Deus, ilusão 

Quando a maré encher, quando a maré encher
Tomar banho de canal quando a maré encher


Fui na rua pra brigar procurar o que fazer 
Fui na rua cheirar cola, arrumá o que comer

Fui na rua jogar bola ver os carro correr 
Tomar banho de canal quando a maré encher

Quando a maré encher, quando a maré encher 
Tomar banho de canal quando a maré encher


Quando a Maré Encher - Nação Zumbi




Fontes:

BRAGA, João. Trilhas do Recife: guia turístico, histórico e cultural.

ZANCHETI, Sílvio Mendes; LACERDA, Norma; MARINHO, Geraldo (Org.). Revitalização do bairro do Recife: plano, regulação e avaliação. Recife: UFPE, Editora Universitária, Mestrado em Desenvolvimento Urbano e Regional, Centro de Conservação Integrada Urbana e Territorial, 1998.


CAVALCANTI, Carlos Bezerra. O Recife e seus bairros. Recife: Câmara Municipal do Recife, 1998

http://www.recifeantigodecoracao.com.br/

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar


http://www.recife.pe.gov.br/cidade/projetos/bairrodorecife/tx6.htm


http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=12742&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional