Iniciando-se aproximadamente em 1534 em paralelo com as
capitanias hereditárias, a cidade começou a ser utilizada como porto para
carregar a produção local e escoar produtos da capitania. Seu nome surgiu
devido ao grande número de arrecifes(uma formação rochosa próximo a costa) no
litoral da região. Em 1630, os holandeses desembarcaram na Capitania de
Pernambuco, em uma praia hoje conhecida como Pau Amarelo, vieram caminhando
pelas margens do mar até Olinda e em seguida até a Ilha de Antonio Vaz, onde
atualmente encontra-se os bairros de Santo Antônio e São José. Sete anos depois
o conde Maurício de Nassau assumiu o governo e evoluiu a cidade. Planejou e
traçou ruas, construiu fortificações, pontes, trouxe arquitetos, engenheiros e
paisagistas da Europa a fim de melhorar a aparência da cidade. Pode-se observar
a arquitetura desse povo pelas construções ainda presentes na cidade.
Recife colônia, pelo pintor holandês Frans Post
Desenho de Frans Post, vista da ponte ligando Recife a cidade Maurícia
Sobre as mudanças no Recife, até então um mero povoado,
o historiador Robert C. Smith afirmou que Nassau construiu a “primeira cidade
digna deste nome na América portuguesa”, enquanto “em todo o resto do
Brasil foi preciso esperar o fim do século XVIII e a vinda da corte
portuguesa para que se fizessem coisas deste gênero”. Olinda era a sede da Capitania de Pernambuco até então, mas
foi incendiada pelos holandeses em 1631, devido a sua localização estratégica.
Seguindo o pensamento holandês sobre fortificações, Olinda tinha um formato de
difícil defesa, sendo assim transferida para Recife.
Cerco de Olinda 1630
Em 1654, período em que os holandeses foram expulsos de
Recife, a cidade já era um entreposto comercial então os senhores de engenho se
mudaram para Olinda. Com a rivalidade das cidades que se iniciou quando Olinda
era capital de Pernambuco e quando os holandeses preferiram Recife à capital, originou
posteriormente a Guerra dos Mascates(1710-1711). É notório o crescimento
do Recife na primeira metade do século XVIII. Em 1711, estimava-se cerca de 16
mil pessoas morando no Recife, já em 1745, a população se aproximava dos 25 mil
habitantes. Não é por acaso esse crescimento. O porto mantinha sua importância
e o comércio prosperava. Muitos dos portugueses vindos para o Brasil,
estabeleceram-se nas terras recifenses, substituindo os holandeses no
financiamento da produção do açúcar e no tráfico de escravos, a cidade já era
um pólo comercial e cultural de toda a região Nordeste e logo se tornou um
centro distribuidor.
Na segunda metade do século XVIII,
descobriu-se um outro Capibaribe, aquele dos deliciosos banhos, banhos
inclusive com "poderes medicinais". Assim, novas áreas de ocupação
atraíram a população do Recife: as margens do Capibaribe que, com o seu
parceiro, o Beberibe, tantos benefícios ofereciam e, atualmente, se apresentam
tão maltratados. Não havia ainda o hábito de ir para as praias e tomar banho de
mar. Nas praias, próximas aos sobrados, despejavam-se o lixo das casas e até
mesmo animais e escravos mortos. O rio tinha grande poder de atração. Além dos
banhos, por ele se faziam mudanças, se passeava de canoa ou de botes, aconteciam
as românticas serenatas, costumes que se consolidam no século XIX. Segundo
Gilberto Freyre: "Muita casa-grande de sítio, muito sobrado de azulejo, no
Recife todo casario ilustre da Madalena - que hoje dá as costas para o rio -
foi edificado com a frente para a água". O Recife ganhou outros contornos
que se iam definindo, criando arrabaldes que se constituem em alternativas,
para quem estava exausto dos burburinhos do urbano. Evaldo Cabral de Mello
registra que "o aparecimento dos subúrbios ao longo do Capibaribe não se
fez de maneira geograficamente contínua, mas ganglionar". Acrescenta ainda
que "a dispersão com que surgem os subúrbios parece estar ligada à
disposição dos proprietários dos antigos engenhos de se desfazerem de suas
terras". O crescimento territorial do Recife tinha, então, uma relação
direta com as dificuldades passadas pelos senhores de engenho, obrigados a
alugar partes de suas terras. Além da fundação do arraial do Poço da Panela em
1758 e da construção da capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde, depois de
1772, surgiria também a povoação do Caxangá, juntamente com a Várzea, outro
marco da expansão do Recife. Sítios e chácaras indicavam novas áreas para
descanso e lazer, mudanças nos hábitos, distanciamento do porto.
Bairro do Recife, século XIX.FONTE: URB/ Recife
A primeira metade do século XIX, no Nordeste, é a
época da Insurreição Pernambucana (1817), da Confederação do Equador (1824) e
da Insurreição Praieira (1848). Escutava-se pelas ruas palavras de ordem do
Iluminismo, as chamadas “ideias francesas”, tais como República e Constituição.
Louvava-se a liberdade que, tal como hoje em dia, tinha múltiplos
significados. Mas, e as mulheres? E as alcovas? Será que aquelas ideias
ficaram apenas no terreno da política? Embora não tenha havido nenhuma
revolução sexual paralela às chamadas “revoluções liberais”, muita coisa também
mudaria nos costumes íntimos das cidades brasileiras e Recife não seria
diferente. A população livre na região central praticamente dobrou entre a
Independência e 1850, principalmente devido à vinda de gente do interior
imediato, área de engenhos decadentes, sendo esmagados pela cidade. Muitos
desses novos habitantes eram mulheres livres e libertas. Em um longo período se
tornaram a maioria na cidade e essa dinâmica da vida urbana atraía a população
feminina, pois a cidade era percebida como o lugar da liberdade e do progresso.
Lá havia mais oportunidades de trabalho e de vivências mais significativas do
que na Zona da Mata submetida às duras regras não escritas do patriarcado
rural.

Vista Aérea
Recife foi impulsionado por grandes
indústrias que se instalaram em seus pólos se tornando a maior atividade
da cidade. As dimensões que teve o modernismo nas artes, a agitação
cultural do final do século XIX e o início do século XX, a encantadora Belle
Époque, mostram a busca de novas linguagens para traduzir as rápidas mudanças
trazidas por novas técnicas. Os tempos modernos ampliaram a diversidade, os
projetos de dominação da natureza, as sutilezas que envolvem as relações de
poder, as tramas sociais e políticas. No início do século XX, a figura de
Saturnino de Brito surge com força, para a "higienização" da
cidade, momento marcante para formação da atual estrutura urbana do Recife. As
palavras de ordem eram: "urbanizar, civilizar e
modernizar". No início dos anos 30, o desencontro entre o sonho e a
realidade dividia a paisagem recifense. A cidade crescia, mas não tinha estrutura
para acolher devidamente seus habitantes. Nas áreas ribeirinhas surgiam os
chamados mocambos. Essa realidade contrastava com o Recife "dos
sonhos", do mais bem equipado porto do país, da indústria em crescimento,
dos cafés e restaurantes, dos teatros e cinemas luxuosos, das grandes mansões,
de lugares aprazíveis como o bairro do Derby ou a praia de Boa Viagem. Os
governos mudavam, mas modernizar continuava sendo uma das palavras de ordem. O
capitalismo ampliava seus espaços de controle e a cidade era um deles.. O
Recife recebia um expressivo contingente populacional vindo da zona rural,
sonhando em melhorar de vida. É interessante assinalar que, em 1940, a
população da cidade era de 348,4 mil pessoas, aumentando para 524,7 mil
habitantes em 1950
Capital do estado de Pernambuco, a cidade do Recife é
muito famosa por suas igrejas, seus rios e pontes que marcam muito a paisagem,
também pela bela praia de Boa Viagem. De clima tropical quente e úmido, a média
da temperatura local está em 25,2º C.Atualmente sua população de 1.430.905 de
habitantes. O Recife está hoje entre as três maiores aglomerações urbanas da
região nordeste e 5º maior metrópole do Brasil. Sua cultura é baseada na
mistura da Europa, da cultura indígena e negra que trouxe um patrimônio rico e
diversificado à cidade.Um marco de Recife é o carnaval da cidade marcado pelo
Frevo e o Maracatu que invade as ruas da cidade com foliões fantasiados e com
um típico desfile de carros antigos. Hoje, o Recife luta contra as
desigualdades sociais, assim como grande parte das cidades brasileiras. O
desenvolvimento econômico se deu a partir do setor terciário, em grande parte
devido a exportação do açúcar. Atualmente, destacam-se as atividades comerciais
e os serviços, que representam mais de 90% de todo o valor da riqueza gerada na
cidade. Entre os principais estabelecimentos constam aeroporto internacional,
universidade federal,shoppings, grandes supermercados, serviços médicos, de
informática, engenharia, consultoria empresarial, atividades ligadas ao turismo,
ensino e pesquisa. Recife tem o segundo maior pólo médico do país e também
é uma das cidades mais visitadas no nordeste, por turistas de todo o
mundo.
Vista aérea de Recife
Referencias:
http://www.recife.pe.gov.br
http://basilio.fundaj.gov.br/
DEL PRIORE, Mary.História das mulheres no Brasil. São Paulo:
UNESP/ Contexto, 1997